A Psicanálise oferece, para aqueles que dela se aproximam, um olhar muito particular a respeito do ser humano, sua vida anímica e envolvimentos sociais. Isso se deve a Freud, seu criador, que observando pacientes na clínica, elaborou uma série de conceitos absolutamente revolucionários para a época, a partir dos quais sugeria um novo entendimento para as mais diversas questões, uma nova forma de se encarar as neuroses (histeria e obsessão compulsiva), passando por discussões a respeito da sexualidade e em particular a sexualidade infantil, o que escandalizou alguns, mas se constituiu em um verdadeiro desafio para muitos. Prova disso é que ainda hoje, em dias de século XXI, as proposições freudianas ainda são discutidas. Sempre que seus textos são lidos, a cada releitura da obra freudiana, têm-se a impressão de partir-se em direção a um continente mais amplo, mais alargado, onde se descortina um saber, que por sua vez, não cessa de formular perguntas.

Estou triste

Estou triste tão triste
Estou muito triste
Por que será que existe o que quer que seja
O meu lábio não diz
O meu gesto não faz
Eu me sinto vazio e ainda assim farto
Estou triste tão triste
E o lugar mais frio do rio é o meu quarto

Exatamente no dia 20 de março de 2013, fui ao Circo Voador, um lugar onde acontecem shows musicais no Rio de Janeiro. Fui ver e ouvir Caetano Veloso e não me decepcionei. Como é seu costume, desde os idos da Tropicália, Caetano brinda o seu público com lindos e inspirados shows, onde exibe toda a sua graça, poesia, seu talento e capacidade de refletir e repercutir sentimentos de seu tempo.

​Há um pouco mais de 50 anos que os psicanalistas usam a expressão estruturas clínicas em suas práticas e trabalhos. Isso é de responsabilidade direta de Lacan, que identificou na obra freudiana afirmações que continham o conceito de estrutura implícito em suas palavras. O termo estrutura e a expressão estruturas clínicas datam do início do ensino de Lacan. Desde Freud, a importância do diagnóstico diferencial é destacada, porque é sabido desde então que ele serve de orientação para a condução da análise, para a tomada de direção do tratamento. Lacan confirma essa importância, defendida por Freud. A partir de Lacan fala-se muito em diagnóstico diferencial estrutural. O que o termo estrutural estaria acrescentando aos ensinamentos de Freud sobre o diagnóstico e até que ponto a noção de estrutura em Lacan estaria correlacionada ao movimento estruturalista? Entendamos, em primeiro lugar, o conceito.

Diante da necessidade de dar início à exposição a que se destina este trabalho, decidimos elaborar e executar uma breve pesquisa, uma despretensiosa pesquisa, em que foi perguntado a diversas pessoas de diferentes ocupações, crenças, faixas etárias e etnias o que elas compreendiam como “O complexo de Édipo”. Ficou evidenciado que há um certo, digamos, afunilamento na compreensão do conceito. Uma ampla maioria, quase a totalidade das pessoas, respondeu que se trataria de algo relacionado à sexualidade. Em uma outra estratificação, revelou-se um grande grupo que compreende o Complexo de Édipo como “uma relação incestuosa entre mãe e filho” ou “uma forte atração do filho pela figura materna”. Manifestações nesta linha, por haverem surgido em número significativo, mereceram a menção. Porém, não é possível deixar de citar uma manifestação única, cuja declaração foi ser “muito difícil abordar o assunto”.